ERIC WOEHRLING


Agora leia o testemunho de Eric Woehrling.

“Sofri durante os meus anos de escola por causa da minha dislexia, mas tenho lentamente aprendido a lidar com ela, tanto que recentemente consegui o trabalho que eu sempre quis.

Ainda assim, a dislexia não vai embora. Ela continua aparecendo de forma estranha. Por exemplo, revisei a minha tese de PhD antes do exame oral e detectei centenas de erros.

A dislexia é difícil de definir, pois abrange muito mais do que as inversões de palavras ou problemas de leitura.

Embora disléxico, eu não tenho problemas com a leitura e a escrita em geral, mas persistentemente escrevo certas palavras incorretamente.

Meu problema era que eu não podia fazer coisas tais como entender tabelas de horários, ler mapas ou lembrar as direções.

No meu primeiro dia na faculdade, em Bruxelas, a primeira aula foi de matemática. O professor nos deu o calendário do ano. Inexplicavelmente supus que a primeira lição de cada dia da semana seria de Matemática. Parcialmente em função disso, na primeira semana de aulas cheguei todos os dias atrasado e também frequentemente no resto de meus dias na faculdade. Uma vez o professor teve que mandar me procurar.

O que me magoava era que a minha interpretação da tabela de horário não era ilógica a priori, embora fosse certamente estranha. A diferença é que todo mundo sabia automaticamente quais regras deveriam seguir, só que eu não.

A dislexia, muitas vezes, deixa você se sentindo exposto dessa maneira, como um soldado em um desfile militar que vira à esquerda enquanto o resto do regimento vira à direita.

No meu caso, chegar tarde à aula era um ritual que toda a turma aguardava com expectativa e a minha desconsolada entrada provocava, compreensivelmente, ondas de risos histéricos.

Essas e outras dificuldades relacionadas fizeram com que eu me tornasse uma figura alvo de diversão para os meus colegas que, frequentemente, menosprezavam o meu trabalho de faculdade, impedindo-me de alcançar meu potencial. Tudo parecia tão injusto porque nunca havia nada de fundamentalmente ilógico sobre o que eu estava fazendo; consequentemente, me sentia ressentido e humilhado a maior parte do tempo. Hoje, quando eu cometo erros semelhantes aos que fiz naqueles dias, posso sentir a frustração subindo, simplesmente por causa das associações que surgem.

Isto leva a um ponto importante. Apesar da escrita e os horários serem muitas vezes arbitrários, são essenciais à vida em sociedade.

Os disléxicos devem também aprender a aceitar as convenções da sociedade como se fossem suas e entender que elas não são meras trivialidades. Querer inventar as suas próprias maneiras de fazer as coisas é se isolar.

Os disléxicos devem estar confiantes de que têm algo de valor a dizer, mesmo que nem sempre esteja de acordo com a linguística ou outra convenção lexical, mas ainda assim devem aprender a aceitar essas convenções e, por assim dizer, fazer as pazes com o mundo.

Ao lidar com a dislexia você é ao mesmo tempo absolutamente dependente dos outros e absolutamente dependente de si mesmo. Tive a sorte de ter pais que me apoiaram. Também tive grandes professores que foram capazes de reconhecer algum valor oculto no meu caos, mas que também foram capazes de consistentemente fazer críticas e me ajudar a identificar os pontos fracos que impediam que o meu valor se revelasse.

Ao mesmo tempo, como eu digo, você é absolutamente responsável por si mesmo. O elemento mais importante é a autoconfiança, porque por anos você pode fazer esforços para melhorar a si mesmo sem obter nenhum resultado ou reconhecimento. É muito fácil desistir. Você tem que continuar acreditando que vai dar certo.

O segundo elemento é a ambição. Você tem que estar disposto a se sacrificar e fazer esforços para tornar-se um sucesso. Você tem de se esforçar e ir além. Uma vez que, digamos, consiga fazer o seu exercício com 95% de acerto, terá de ter disposição para ficar até uma hora extra para fazê-lo com 96% de acerto e, depois, continuar trabalhando até que o trabalho esteja perfeito. Seja lendo tanto o formulário para me candidatar a um emprego, quanto o capítulo final da minha tese, ir além significou a diferença entre o sucesso e o fracasso para mim”.



Com sua autoconfiança restabelecida, Eric Woehrling foi finalmente capaz de vencer as dificuldades. Suas necessidades de aprendizagem não foram completamente compreendidas, mas o jovem tinha o suporte de mentores, no caso, seus pais e eventualmente alguns de seus professores que reconheciam seus talentos.

Graduado pela Universidade de Cambridge, Inglaterra, fez seu doutorado na Universidade de Liverpool, Inglaterra, e foi em frente para conquistar seu objetivo de se tornar um analista de finanças.



1) Tendo em mente a definição de dislexia que leva em conta a velocidade de processamento, qual seria a característica mais notável e única na condição de Eric quando comparado a Helena e Alessandro?













2) De acordo com Eric, na parte final de seu testemunho, o que se destaca como necessário para que se possa vencer a dislexia e obter sucesso?